anomamo girl holds aracari in Parima Tapirapeco National Park (Venezuela)
"Isabel: Tu não tens livros e nunca estiveste num colégio nem numa universidade , como é que sabes tantas coisas?
Anão: Bem, nós os anões, vivemos quinhentos anos e assim temos
tempo de ver muito, ouvir muito, pensar muito! E temos uma grande memória.
Quando somos novos, os velhos anões contam-nos tudo quanto viram, durante os
cinco séculos da sua existência. E também nos contam tudo quanto os pais deles
lhes ensinaram. Ora um anão quando ouve uma coisa fica a sabê-la de cor para
sempre. É por isso que eu te posso contar histórias que se passaram há mais de
mil anos. Além disso viajamos muito.
Isabel: como é que podes viajar? Com umas pernas tão pequenas?
Anão: Viajamos pelo mundo todo a cavalo nos pássaros. Nós somos grandes
amigos dos pássaros. E quando eles na Primavera e no Outono emigram em bandos
levam – nos com eles sempre que nós temos vontade de mudar de sítio ou de ir
ver o mundo. Eu já estive na Pérsia, no pólo norte na índia e fui com uma
cegonha branca desde a Alsácia até ao norte de África. È por isso que sei todas
as línguas da terra, as dos homens e as dos animais. Sei conversar com um turco
e sei conversar com uma perdiz. "
excerto do diálogo de Isabel e do anão da obra "a floresta" de Sophia de Mello Breyner
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