segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A pergunta sagrada

                                                                                          cirque du soleil 

Todos os anos acontece: "Professora este ano há teatro?"
A minha  resposta: "Claro que sim , no que depender de mim há de certeza". 
Quando, a que horas? Quando começa ?
Gostaria de não ter de dizer todos os anos : vamos ver. Gostaria de já ter inscrições feitas num bloco defenido a tempo e horas, gostaria de ter colegas interessados em colaborar, gostaria de ter uma escola a funcionar como devia. Gostaria de conseguir sair deste chove e não molha. Mas, não, cada ano que passa por uma razão, ou por outra , temos de percorrer uma espécie de via sacra que não ajuda.
Lembro-me de um colega que entretanto já se reformou que me dizia a propósito deste tipo de questões e de incertezas, demoras e questões adiadas ou mal resolvidas e que perante a minha indignação ou de outros colegas , dizia com uma certeza irritante: "mas claro que vais fazer perguntas  e ter dúvidas dessas agora e até te refomares, vai ser igual sempre, não resolves nada, não mudas nada, os problemas vão ser os mesmos". 
Pena, ter que, passados alguns anos, perceber que a certeza tão prontamente dita e que na altura me parecia  tão pouco possível de acontecer, se torna cada vez mais na coisa mais provável. 


                                                         
    

domingo, 15 de setembro de 2013

"DEOLINDA" Música da boa para ouvir até fartar.


 A música serve muitas vezes de inspiração para muitas outras coisas. 
 Antes do nosso ano começar , vamos ouvir boa música ! 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ano lectivo novo


 Vamos ver o que nos reserva este ano! Há sempre um misto de esperança e ansiedade nesta altura. Lembro-me dos anos em que a surpresa da colocação me deixava de respiração suspensa. Lembro-me bem também dos cinco anos em que semanalmente ia em peregrinação para o Alentejo! Foram anos, no início, de grande ansiedade e preocupação por ter de me afastar dos meus filhos, então pequenos e muito habituados à minha presença, ao meu apoio às tarefas da escola. Foi difícil. Agora passados já vinte e tal anos desses dias, considero que foram anos de grande riqueza de experiência pessoal.  Os alunos alentejanos deixaram-me boas lembranças e uma ternura muito especial. 


 Lembro as suas vozes cantadas: " Professoraa! ... tá tanto calôri, vamos prá rebêra (ribeira)" . ou então, quando com frequência eu usava o gerundio diziam: olha! olha! a professora já tá falando como à genti!... Uma infinidade de atividades desenvolvidas, porque já que estavamos longe e sem família havia que preencher os dias de forma plena , falo de mim e de outros onze colegas que se encontravam a kms das suas casas e que de mala às costas faziam tal como eu viagens cheias de curvas e solavancos, buracos mais que muitos! (bendita aquela estradinha Alcácer / Torrão)!!!   
Mas mais que tudo a lembrança de um coro de vozes a responder a uma pergunta que lhes fiz: que atividade gostavam mais de ter , responderam alto e bom som "TEATRO"! porquê? A maioria tinha na família alguém que pertencera ou ainda pertencia ao grupo de teatro amador da vila. E o orgulho que tinham nisso! E foi em 1988 que começou a sério , para mim a aventura do teatro. Peças apresentadas à sombra de uma árvore frondosa do pátio e  " O gato das botas" apresentado na sociedade recreativa, com direito a palco à séria! uma plateia enorme, toda catita a rejubilar por ver os seus rebentos a fazer um brilharete.  O Charrua , o meu aluno predileto que  apesar de gaguejar forte e feio me garantiu : Eu no teatro nâ gaguêjo! e é que foi tal e qual fez um gato das botas exuberante sem uma pausa extra. Um espanto!... falar  de um Gil Vicente que surgiu com a força do vento, do sol e do cheiro da terra, numa Barca do Inferno inesquecível. E o aprender a dançar a valsa com a Cinderela .. E...E... poderia ficar a lembrar tudo o que se fez com uma paixão enorme e uma alegria sem limites.  E só essa alegria me continha o choro à noite quando sentia a falta dos meus filhotes e da minha casa. 
 Ouvir falar em mobilidade agora fez-me suster de novo a respiração e pensar o como é difícil trabalhar longe de casa.... Há muitos que sabem bem o que isso é!