segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ano lectivo novo


 Vamos ver o que nos reserva este ano! Há sempre um misto de esperança e ansiedade nesta altura. Lembro-me dos anos em que a surpresa da colocação me deixava de respiração suspensa. Lembro-me bem também dos cinco anos em que semanalmente ia em peregrinação para o Alentejo! Foram anos, no início, de grande ansiedade e preocupação por ter de me afastar dos meus filhos, então pequenos e muito habituados à minha presença, ao meu apoio às tarefas da escola. Foi difícil. Agora passados já vinte e tal anos desses dias, considero que foram anos de grande riqueza de experiência pessoal.  Os alunos alentejanos deixaram-me boas lembranças e uma ternura muito especial. 


 Lembro as suas vozes cantadas: " Professoraa! ... tá tanto calôri, vamos prá rebêra (ribeira)" . ou então, quando com frequência eu usava o gerundio diziam: olha! olha! a professora já tá falando como à genti!... Uma infinidade de atividades desenvolvidas, porque já que estavamos longe e sem família havia que preencher os dias de forma plena , falo de mim e de outros onze colegas que se encontravam a kms das suas casas e que de mala às costas faziam tal como eu viagens cheias de curvas e solavancos, buracos mais que muitos! (bendita aquela estradinha Alcácer / Torrão)!!!   
Mas mais que tudo a lembrança de um coro de vozes a responder a uma pergunta que lhes fiz: que atividade gostavam mais de ter , responderam alto e bom som "TEATRO"! porquê? A maioria tinha na família alguém que pertencera ou ainda pertencia ao grupo de teatro amador da vila. E o orgulho que tinham nisso! E foi em 1988 que começou a sério , para mim a aventura do teatro. Peças apresentadas à sombra de uma árvore frondosa do pátio e  " O gato das botas" apresentado na sociedade recreativa, com direito a palco à séria! uma plateia enorme, toda catita a rejubilar por ver os seus rebentos a fazer um brilharete.  O Charrua , o meu aluno predileto que  apesar de gaguejar forte e feio me garantiu : Eu no teatro nâ gaguêjo! e é que foi tal e qual fez um gato das botas exuberante sem uma pausa extra. Um espanto!... falar  de um Gil Vicente que surgiu com a força do vento, do sol e do cheiro da terra, numa Barca do Inferno inesquecível. E o aprender a dançar a valsa com a Cinderela .. E...E... poderia ficar a lembrar tudo o que se fez com uma paixão enorme e uma alegria sem limites.  E só essa alegria me continha o choro à noite quando sentia a falta dos meus filhotes e da minha casa. 
 Ouvir falar em mobilidade agora fez-me suster de novo a respiração e pensar o como é difícil trabalhar longe de casa.... Há muitos que sabem bem o que isso é! 

    





    

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